
Joseph Vernon Turner Jr. (1911-1985), mais conhecido como Big Joe Turner, e também como ‘The Boss of the Blues’, foi sem dúvida o maior expoente do ‘blues shouter’, muito popular antes do advento do microfone, quando o cantor, muitas vezes do sexo masculino, era capaz de cantar com uma banda e ser ouvido acima da bateria e dos outros instrumentos. Nascido em Kansas City, Missouri, descobriu a paixão pela música através da igreja. Apesar da fama nos anos 50 com seu rock pioneiro ‘Shake, Rattle and Roll’, a carreira de Turner se estendeu desde a década de 20 até os anos 80. Aos 15 anos de idade, quando o pai morreu, foi obrigado a deixar a escola e sustentar a família. Ele e sua irmã mais velha trabalhavam como engraxates de rua, onde ele aproveitava e cantava por trocados. Depois trabalhou como cozinheiro em um hotel, mais tarde como garçom e cantor. Começou a freqüentar o ‘Backbiter's Club’, onde assistia aos músicos que admirava. Certo dia pediu a Pete Johnson, um pianista de boogie-woogie, que o deixasse cantar. Johnson gostou do que ouviu e formaram uma dupla. Turner tinha apenas 18 anos.
Joe Turner e Pete Johnson passaram a tocar no ‘Black & Tan Club’, onde Turner atendia no bar e a noite tocava com Johnson. E assim, ficou conhecido como ‘The Singing Barman’. A parceria mostrou-se positiva e juntos viajaram para Chicago, St. Louis e Omaha. De volta a Kansas City, apresentaram-se no ‘Sunset Club’, gerenciado pelo cantor de blues Piney Brown para quem Turner escreveu ‘Piney Brown Blues’ em sua homenagem. Partiram para Nova York, em 1936, onde se apresentaram com Benny Goodman, mas Nova York ainda não estava pronta para eles, então voltaram novamente para Kansas City. Em 1938 foram descobertos pelo caçador de talentos, John H. Hammond, uma das figuras mais influentes na música popular do século 20, que os convidou a voltarem à Nova York para um de seus concertos ‘From Spirituals to Swing’ no Carnegie Hall, que foram fundamentais na introdução do blues e do jazz para um público branco e tentar apresentar a música negra como uma expressão artística e cultural legítima nos Estados Unidos.
Turner e Johnson fizeram sucesso com o hit ‘Roll 'Em Pete’, gravação considerada como uma das mais importantes precursoras do que mais tarde ficou conhecido como rock’n’roll. Uma música que Turner gravou dezenas de vezes, com várias combinações de músicos, ao longo dos anos seguintes. Em 1939, juntamente com os pianistas de boogie Albert Ammons e Meade Lux Lewis eram as principais atrações do clube ‘Café Society’ em Nova York, onde também se apresentaram com Billie Holiday. No ano seguinte gravaram ‘Piney Brown Blues’. Em 1941, Turner foi para Los Angeles, onde atuou com Duke Ellington em ‘Jump for Joy’ e apareceu como um policial cantor na comédia ‘He's on the Beat’. Los Angeles se tornou a sua base por um tempo. E em 1941 trabalhou com o pianista Meade Lux Lewis em ‘soundies’, as primeiras versões de vídeos de música produzidas entre 1940 e 1946. Em 1945, Turner e Pete Johnson abriram o seu próprio bar em Los Angeles, o ‘The Blue Moon Club’.
Turner gravou uma grande quantidade de registros, não só com Johnson, mas com os pianistas de blues e jazz Art Tatum e Sammy Price. Em sua carreira liderou a transição das grandes bandas de jump blues e de rhythm and blues para o rock’n’roll. Turner era um mestre do ‘traditional blues verses’, músicas do folclore do blues que foram cantadas várias vezes por diversos artistas. E nas lendárias ‘jam sessions’ de Kansas City ele acompanhava os solistas instrumentais por horas. Em 1951, enquanto se apresentava com a orquestra de Count Basie no ‘Apollo Theater’ do Harlem como substituto de Jimmy Rushing, outro cantor de blues shouter e swing jazz, ele foi contratado pelos irmãos Ahmet e Nesuhi Ertegün proprietárias da nova gravadora ‘Atlantic Records’.
E a dupla iria caminhar por estradas musicais diferentes: Pete Johnson continuou com o boogie-woogie e jazz, enquanto Joe Turner preferiu o gênero que seria futuramente chamado de rock 'n' roll. Em 1951, Turner já era conhecido por Big Joe Turner, devido ao seu corpo grande e obeso e uma voz volumosa e ressonante que sacudia qualquer casa sem precisar de um microfone. Quando lhe perguntavam a respeito de ser precursor de um estilo novo, ele dizia apenas: rock 'n' roll não é nada mais do que um nome diferente para o mesmo tipo de música que ando cantando por toda a minha vida. Turner alcançou o sucesso em 1954 com ‘Shake, Rattle and Roll’ escrita por Jesse Stone que fez mais sucesso com ‘Bill Haley & His Comets’ e também gravada por Elvis Presley. De repente, com 43 anos, Turner era uma estrela do rock. Após uma série de hits neste sentido, Turner deixou a música popular para trás e voltou às suas raízes.
Ele continuou a gravar até 1961, embora o público não estivesse mais interessado, ou sequer se lembrasse mais dele, jamais parou de cantar ou de se apresentar. Na década de 60 apareceu em muitos festivais de música e gravações para o empresário de jazz Norman Granz, com o seu rival, o cantor de blues Jimmy Witherspoon. Turner também se apresentou com o pianista alemão de boogie-woogie, Axel Zwingenberger e com T-Bone Walker. Nas décadas de 70 e 80, Turner era ouvido em qualquer palco, mesmo de bengala. E a sua carreira se estendeu desde as ruas de Kansas City em 1920 quando ele se apresentava, aos doze anos, com um bigode de lápis e um chapéu de seu pai, para os festivais de jazz europeus. Em 1983, apenas dois anos antes de sua morte, Turner foi introduzido no ‘Blues Hall of Fame’. Ele morreu com 74 anos, sem deixar herdeiros, de um ataque cardíaco, tendo sofrido os efeitos anteriores da artrite, derrame e diabetes. E foi, postumamente, incluído no ‘Rock and Roll Hall of Fame’, em 1987. Ao anunciar a sua morte, a revista de música britânica NME, descreveu Turner como ‘o avô do rock and roll’.
Big Joe Turner
Nenhum comentário:
Postar um comentário