
Johnny Shines (1915-1992), no início da carreira, era mais conhecido como companheiro de viagem de Robert Johnson. As suas próprias contribuições para o blues eram injustamente negligenciadas, simplesmente pelo motivo de viver à ‘sombra’ de Johnson. Em seus primeiros dias, Shine foi um guitarrista slide do Delta blues, com seu próprio estilo distinto que pode ter tido a influência de Johnson, mas nunca foi uma imitação. Quando finalmente tomou o caminho para o norte de Chicago, fez, com facilidade, a transição para o blues urbano eletrificado ajudado em parte pelo seu forte vocal apaixonante. Mesmo ao deixar a música por um tempo, foi redescoberto no final dos anos 60 e gravou e excursionou constantemente por algum tempo. Um acidente vascular cerebral em 1980 roubou-lhe parte de sua destreza na guitarra, mas sua voz continuou a ser um instrumento forte, e atuou até sua morte em 1992. John Ned Shines nasceu em Frayser, Tennessee, e cresceu em Memphis. Aprendeu a tocar guitarra com sua mãe, e tocou pelas ruas de Memphis com vários amigos, inspirado por Charley Patton, Blind Lemon Jefferson, Lonnie Johnson, e o jovem Howlin' Wolf.
Em 1932, mudou-se para Hughes, Arkansas, para trabalhar como meeiro, mantendo a sua atividade musical de lado. Em 1935, decidiu ser um músico profissional e teve seu primeiro encontro com Robert Johnson em Memphis e passou a acompanhá-lo em suas andanças pelo sul e norte até chegarem a Windsor, Ontário, onde apareceram em um programa de rádio. Após três anos na estrada juntos seguiram caminhos separados em 1937, um ano antes da morte de Johnson. Shines continuou a se apresentar pelo Sul por alguns anos, e em 1941 decidiu fazer o seu caminho para o norte, na esperança de encontrar trabalho no Canadá, e de lá pegar um barco para a África. Em vez disso, quando parou em Chicago, seu primo lhe ofereceu um emprego na construção civil, e acabou ficando e se apresentando em clubes de blues. Em 1946 foram feitas as suas primeiras gravações, quatro faixas que a Columbia não quis liberar. Em 1950 ressurgiu pela Chess enquanto apoiava outros cantores em shows e gravações. De 1952 a 1953, se estabeleceu na gravadora ‘J.O.B Records’, onde gravou suas melhores obras com a parceria de Big Walter Horton na gaita. Subestimados comercialmente, Shines voltou ao seu papel de apoio. Em 1958, farto da união de músicos na disputa financeira abandonou a música, penhorou todo o seu equipamento, e continuou apenas com o trabalho na construção civil que tinha mantido durante todo o tempo.
Johnny Shines, no entanto, ficou ligado à cena do blues local, como fotógrafo em eventos ao vivo, e vendia as fotos como lembranças. Procurado por historiadores de blues, gravou para a série ‘Chicago/The Blues/Today!’ pela ‘Vanguard Records’ onde apareceu no terceiro volume, reacendendo assim a sua carreira. Gravou novamente com Big Walter Horton e depois com Willie Dixon, entretanto, sua filha faleceu inesperadamente, deixando para Shines a responsabilidade de cuidar dos netos; preocupado em criá-los em um ambiente urbano, ele mudou com toda a família para Tuscaloosa, Alabama. Em 1975, gravou um dos seus lançamentos mais aclamados, ‘Too Wet to Plow’, enquanto dava aulas de violão. Apesar da alta qualidade do seu próprio trabalho, Shines era uma figura fascinante para muitos fãs de blues simplesmente pela parceria com Robert Johnson e, várias vezes, em entrevistas, perguntava-se sobre essa sua experiência, excluindo-se a discussão sobre a sua carreira e sua música, que, compreensivelmente, o frustravam. No entanto, isso não o impediu de redescobrir suas raízes no delta blues. Infelizmente, em 1980, Johnny Shines sofreu um derrame que afetou muito sua maneira de tocar violão, que nunca mais voltaria à sua antiga glória. Entretanto, ele era capaz de cantar de forma tão eficaz como antes, e ajudado por alguns de seus alunos continuou em turnê pela América e Europa. No início dos anos 90, apareceu em um documentário sobre Robert Johnson, e gravou um último álbum, o premiado ‘Back to the Country’, com o gaitista Snooky Pryor. Johnny Shines faleceu em 1992, em um hospital de Tuscaloosa.