
Peetie Wheatstraw (1902-1941) foi o nome adotado por William Bunch, influente cantor de blues dos anos 30. Embora a única fotografia conhecida de Bunch mostre-o segurando uma guitarra, ele tocou piano na maioria das suas gravações. Presume-se que tenha nascido no Tennessee, mas acredita-se ter vindo de Arkansas. Em 1920, em St Louis, já era um guitarrista competente, mas um pianista limitado. O que distingue as sua gravações acima de tudo é a qualidade de suas letras e o seu estilo vocal. Em 1929, ele chegou em East St. Louis, já usando o nome Peetie Wheatstraw e espalhando o boato de que tinha, em uma encruzilhada, vendido a sua alma para o príncipe das trevas, em troca de sucesso como músico. Em 1930 era tão popular que continuou a gravar mesmo sendo o pior ano da grande depressão quando as gravações de blues foram drasticamente reduzidas. Ele foi um dos cantores mais gravados, sua produção total de 161 músicas foi superada por apenas quatro cantores do pré-guerra: Tampa Red, Big Bill Broonzy, Lonnie Johnson e Bumble Bee Slim (Amos Easton). Entre os clubes de St Louis sua popularidade foi excelente, só rivalizando com Walter Davis.
Há pouca evidência de que ele se apresentava fora de St Louis, onde descartou seu nome e criou a sua nova identidade: 'Peetie Wheatstraw, The Devil's Son-in-Law' ou 'Peetie Wheatstraw, The High Sheriff from Hell'. Há alguma evidência de que o escritor Ralph Ellison poderia tê-lo conhecido pessoalmente e ter usado tanto o nome 'Peetie Wheatstraw’ quanto a sua personalidade demoníaca para criar um personagem em seu famoso romance ‘Invisible Man’. Alguns críticos sugerem que Wheatstraw pode ter sido a inspiração para Robert Johnson criar a lenda de sua associação com o diabo. Peetie Wheatstraw construiu um personagem machista que fez dele predecessor dos cantores de rap. Como outros artistas de sucesso, ele cantou as preocupações das populações afro-americanas removidas de suas raízes rurais para as grandes cidades. Suas letras, apesar de parecerem às vezes improvisadas, eram sobre questões sociais como o desemprego, sobre a morte e o sobrenatural. Suas músicas sobre temas mais mundanos são variadas.
A influência de Wheatstraw foi enorme durante a década de 30. Talvez o exemplo mais óbvio do seu impacto pode ser visto nas letras e estilo vocal de Robert Johnson, muitas vezes considerado a figura mais importante do blues da época. Muitas das gravações do próprio Johnson eram, na verdade re-trabalhos de outros artistas populares da época. 'Police station blues’ do repertório de Peetie Wheatstraw constitui a base para ‘Hellhound On My Trail’ de Johnson, tanto quanto o seu apelido ‘Devil's son in law’ imagem semelhante copiada por Johnson. Muitos elementos do estilo de Peetie Wheatstraw podem ser visto em artistas posteriores como Champion Jack Dupree, Moon Mullican e Jerry Lee Lewis. Wheatstraw também fez muitas gravações com o muito influente cantor e guitarrista Kokomo Arnold, que escreveu o blues standard ‘Milk Cow Blues’. Peetie Wheatstraw ainda estava no auge do seu sucesso quando encontrou a morte no dia do seu aniversário de 39 anos. Ele e alguns amigos decidiram dar um passeio quando o Buick sofreu um acidente matando instantaneamente seus ocupantes da frente, Wheatstraw morreu de ferimentos na cabeça algumas horas mais tarde